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Gigantes da siderurgia debatem futuro do aço verde em Minas; entenda o conceito

ArcelorMittal, Aço Verde do Brasil, Aperam América do Sul e Vallourec encontraram-se em evento em BH

Algumas das maiores empresas de siderurgia do Brasil reuniram-se em Belo Horizonte, nesta terça-feira (04/02), para discutir o futuro do aço verde no país e em Minas Gerais. Gigantes como ArcelorMittal, Aço Verde do Brasil, Aperam América do Sul e Vallourec debateram um duplo desafio da indústria: a descarbonização do setor e tornar as iniciativas de sustentabilidade conhecidas entre o grande público.

Os temas foram centrais no Forest Leaders Forum, evento promovido pela Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif). “Não há bala de prata. É importante que o mundo todo estude tecnologias que sejam viabilizadas”, pontuou o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Brasil, Everton Negresiolo. A siderurgia é um setor tradicionalmente emissor de CO²: a cada tonelada de aço, gera, em média, 1,9 tonelada do gás, um dos propulsores das mudanças climáticas globais.

Hoje, o desafio do setor é ampliar a produção de aço verde, isto é, aquele produzido com redução ou neutralização da emissão de poluentes. Entre as alternativas para minimizar esse dano, estão tecnologias ainda em desenvolvimento, como o combustível de hidrogênio, e o gás natural, cuja expansão no Brasil é um desafio.

Por ora, a principal aposta da siderurgia para atingir suas metas de descarbonização e destaque no evento desta terça é o carvão vegetal. Ele é produzido a partir da madeira de florestas plantadas, principalmente de eucalipto. Minas Gerais é uma potência desse mercado e tem a maior plantação do país, com 2,5 milhões de hectares.

A substituição do carvão mineral pelo vegetal é a rota adotada pela maioria das grandes siderúrgicas. Algumas delas apresentam resultados expressivos: a Vallourec, por exemplo, reduziu a emissão de CO² para 0,9 tonelada por tonelada de aço. Sob um investimento de R$ 90 milhões, a francesa inaugurou, em 2024, uma planta de produção de carvão vegetal em sua unidade Florestal, em Pompéu, na região Central de Minas.

A Aço Verde do Brasil (AVB) apresentou números ainda menores de emissão: 0,2 tonelada por tonelada de aço. “O modelo de siderurgia baseado em carvão vegetal não é replicável mundialmente, porque nem todos os países do mundo têm a extensão de área, clima e solo que permitem plantar o eucalipto. Mas a rota com base florestal é perfeita para o Brasil”, defendeu a presidente da empresa, Silvia Nascimento.

A fronteira das plantações de florestas para carvão vegetal está em áreas já empregadas em uso humano. “O Brasil tem uma área degradada disponível para usos diversos que ninguém no mundo tem hoje. Nosso setor cresce hoje basicamente substituindo pasto degradado”, detalhou o ex-governador do Espírito Santo e presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung.

Publicidade do aço verde é próximo passo do setor

O discurso global das empresas sobre a necessidade de se tornar mais sustentáveis nem sempre encontra correspondência nas práticas de mercado. A siderurgia aponta que o aço verde ainda não é uma exigência generalizada entre os consumidores.

“Se você me perguntasse há cinco anos, eu diria que o consumidor daria mais valor à sustentabilidade. Ainda não vemos isso. Mas já temos clientes que pedem selo e publicizam o fato de sermos carbono neutro”, avaliou o presidente da Aperam América do Sul, Frederico Ayres.

A Amif, que representa a indústria industrial florestal, prepara uma campanha publicitária para explicar ao grande público o que são e para o servem as florestas plantadas. O mote é popularizar a ideia de que são “florestas pensadas”.

Fonte: O Tempo

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